No episódio “Como aproveitar o timing, se livrar de puxa-sacos e outras dicas”, Mateus Fagundes traz à tona os dilemas e aprendizados vividos nos bastidores do marketing político contemporâneo. Com mais de 20 anos de experiência, ele explora o que realmente diferencia campanhas vencedoras daquelas que apenas repetem fórmulas prontas.
Mateus inicia criticando a figura do "puxa-saco profissional" — seja assessores tradicionais ou familiares que interferem no trabalho da comunicação. Esses personagens, muitas vezes, impedem inovação por vaidade ou medo de perder espaço. Mais grave ainda, influenciam decisões erradas e protegem o candidato do contato direto com a realidade do eleitorado.
Outro ponto central é a mudança de paradigma trazida pela comunicação digital. Mateus compara campanhas antigas, marcadas por carros de som e comícios, com a atualidade, onde Reels, memes e timing digital comandam o jogo. Para ele, candidatos como Janones e Nicolas Ferreira são exemplos de como surfar assuntos do momento e transformar isso em engajamento real. O problema está na cópia superficial: muitos candidatos tentam imitar estilos sem considerar sua própria personalidade e tom de voz.
Mateus valoriza a autenticidade. Conta que prefere abandonar um projeto a ceder a formatos que não acredita. Ele destaca a importância de formatar uma narrativa compatível com o candidato, com paciência para que ela gere resultados reais. É um processo de construção, não de mágica instantânea.
Os erros mais comuns em pré-campanha, segundo ele, estão em tentar agradar lideranças e pulverizar esforços sem construir a narrativa. "Não adianta contratar 100 lideranças se o eleitor não sabe quem você é ou o que defende". Sem planejamento, o marketing é cobrado para tirar coelho da cartola no auge da pressão eleitoral.
Entre os formatos de conteúdo, ele é categórico: Reels é o formato ideal. Apesar de adaptar estratégias para perfis mais idosos, como o da deputada Brandão, Mateus acredita que vídeos curtos e bem planejados vencem em alcance, retenção e impacto emocional.
Dois cases marcaram sua carreira. O primeiro foi a campanha vitoriosa do deputado estadual Eduardo Nóbrega, com quem construiu relação desde o tempo de vereador. O segundo, uma campanha para o Conselho Tutelar, que apesar da derrota por apenas 70 votos, ensinou o valor da resiliência e da estratégia mesmo com poucos recursos.
Mateus também relata sua atuação como "estrategista multitarefa", resolvendo problemas técnicos em eventos, cuidando da equipe e da narrativa ao mesmo tempo. Para ele, campanhas não são Disneylândia: são zonas de guerra emocional.
O áudio revelado final do episódio é um apelo: que novos profissionais entrem de corpo inteiro no mercado, publiquem ideias, testem formatos e se conectem com políticos de forma corajosa. "A comunicação política precisa se abrir para quem quer transformar e não apenas para quem quer manter o status quo."
Com humor, franqueza e experiência real, o episódio mostra que planejar, ser original e respeitar o tempo das coisas é o melhor caminho para comunicar com verdade e vencer de forma consistente.
Assista o episódio completo: https://youtu.be/7F-vbKs9-a0
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