Por Paulo Maneira
O Jornalismo de Fato: a base da credibilidade
O jornalismo de fato é o alicerce da profissão. Ele se dedica a narrar o que aconteceu, quando aconteceu, onde e com quem aconteceu, de forma objetiva, transparente e verificável.
Aqui não cabe interpretação: o jornalista atua como um mediador, apurando informações, checando fontes e publicando os dados com responsabilidade e clareza. Um bom texto factual apresenta a notícia com base em documentos oficiais, declarações diretas e evidências concretas.
Se você lê uma matéria que diz:
“O governo anunciou, nesta terça-feira, um reajuste de 4% no salário mínimo.”
Saiba: esse é jornalismo de fato. Ele informa, não interpreta.
O Jornalismo de Opinião: a arte de analisar
Por outro lado, o jornalismo de opinião é aquele espaço em que o jornalista ou o veículo assume uma posição. São colunas, editoriais, artigos assinados e comentários que não se limitam à descrição do fato, mas sim o interpretam, contextualizam e opinam sobre suas causas e consequências.
Não há nada de errado com isso — desde que fique claro para o leitor que aquele conteúdo é uma análise, não um relato objetivo. O bom jornalismo de opinião deve ser sustentado em argumentos sólidos, referências confiáveis e profundo conhecimento do tema.
Exemplo de opinião:
“O reajuste de 4% no salário mínimo não acompanha a inflação e demonstra o distanciamento do governo das necessidades da população.”
Percebe a diferença? Aqui, há juízo de valor, e isso precisa estar transparente.
Os riscos da confusão
Quando um veículo ou profissional mistura fato e opinião sem deixar claro o que está fazendo, o público corre o risco de ser induzido ao erro. Essa confusão é, muitas vezes, terreno fértil para manipulação, desinformação e polarização.
Por isso, nós, jornalistas, temos o dever ético de respeitar essa linha tênue. O público tem o direito de ser informado com precisão e, depois, de refletir ou debater com base em análises que sejam honestas e fundamentadas.
O papel do leitor
Em tempos de redes sociais e fake news, o leitor também precisa desenvolver senso crítico para identificar se está diante de uma notícia ou de um comentário. Pergunte-se:
• Este texto apresenta dados verificáveis ou interpretações?
• Há fontes confiáveis citadas?
• O tom é neutro ou valorativo?
Essas são boas pistas para não cair na armadilha da desinformação.
O jornalismo é, antes de tudo, um serviço público. Ele informa, educa e, sim, também provoca reflexão. O equilíbrio entre o jornalismo de fato e o jornalismo de opinião é essencial para uma sociedade democrática e bem informada.
Como profissional da comunicação, acredito que nossa missão não é apenas relatar o que acontece, mas ajudar as pessoas a compreender o mundo com responsabilidade e discernimento.
Paulo Maneira — Jornalista e colunista de análise política e social
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